Três pessoas rindo e comendo Três pessoas rindo e comendo
Copag > Blog Copag > Curiosidades > Baralho cordel: conheça a cultura do cordel nas cartas

Baralho cordel: conheça a cultura do cordel nas cartas

21.06.2024

Compartilhar em:

Linkedin Facebook Twitter Whatsapp
Voltar ao BlogVoltar ao Blog
Imagem de cartas de baralhos de cordel
Tag curiosidade Curiosidades

O baralho cordel criado pela COPAG é uma homenagem à cultura brasileira, em especial à cultura nordestina da literatura de cordel.

Com cartas ilustradas com xilogravuras e trechos de cordéis, a cultura popular se une à diversão, com histórias, aventuras e lendas narradas em rimas.

Fique conosco e conheça a história da cultura do cordel, veja a coletânea de cordéis brasileiros icônicos ilustrados nas cartas e confira um pouco sobre as ilustrações feitas pelo artista Ary Falcão.

Acompanhe e mergulhe na riqueza dessa expressão cultural!

Conheça a cultura do cordel

Reconhecido como Patrimônio Cultura Imaterial Brasileiro em 2018, o cordel teve origem na Europa, mas foi reinventado no nordeste do Brasil no final do século XIX, trazido pelos portugueses.

Um cordel é um poema escrito em versos com métricas perfeitas e rimas, e era vendido pendurado em barbantes ou cordéis, por isso o nome.

Na Europa, muitas vezes os cordéis (ou folhetins) tinham narrativas que eram vulgarizações de clássicos da literatura latina e grega, além de obras de Tasso e Ariosto, poetas italianos do século XVI. Também costumavam ter um toque de comédia para assuntos sérios.

Além disso, eram comercializados a preço reduzido, em espaços públicos, e divulgados em folhetos, favorecendo a popularização.

No Brasil, os primeiros folhetins criados ainda no século XIX tratavam de questões de resistência da população nordestina, muitas vezes revelando as arbitrariedades que prejudicavam a vida do povo. Mas, também havia temas ficcionais e informativos

De lá para cá, a cultura do cordel se manteve muito viva, sobretudo no Nordeste, e nas últimas décadas tem se popularizado para outras regiões do país, se tornando cada vez mais importante para a história nacional.

Cordéis usados nos baralhos

No baralho Cordel COPAG, foram escolhidos 4 cordéis para serem ilustrados nas cartas, com um trecho em cada naipe.

Espadas

No naipe de espadas, há um trecho do cordel A Chegada de Lampião no Céu, de Guaipuan Vieira.


3 de espadas

Escrito em 1997, os versos contam a discussão entre São Pedro e Lampião, na porta do céu.

São Pedro disse: absurdo

Que terminou de falar

Mas Cícero foi taxativo:

Vim a confusão sanar

Só escute o réu primeiro

Antes de você julgar.
 

Não precisa ele entrar

Nesta sagrada mansão

O receba na guarita

Onde fica a guarnição

Com certeza há muitos anos

Nos busca aproximação.

 

Vou abrir esta exceção

Falou Pedro insatisfeito

O nosso reino sagrado

Merece muito respeito

Virou-se para São Paulo:

Vá buscar este sujeito.

 

Lampião tirou o chapéu

Descalço também ficou

Avistando o seu padrinho

Aos seus pés se ajoelhou

O encontro foi marcante

De emoção Pedro chorou

 

Ao ver Pedro transformado

Levantou-se e foi dizendo:

Sou um homem injustiçado

E por isso estou sofrendo

Circula em torno de mim

Só mesmo o lado ruim

Como herói não estão me vendo.

 

Paus

No Naipe de Paus, o baralho traz um trecho do Romance do Pavão Misterioso, de João Melquiades Ferreira.


3 de paus

Escrito em 1975, o cordel apresenta um romance entre Evangelista e Creusa, que era aprisionada pelo seu pai. Evangelista, então, tenta libertá-la para poderem se casar.

Veja um fragmento:

Foram experimentar

Se tinha jeito o pavão

Abriram alavanca e chave

Carregaram num botão

O monstro girou suspenso

Maneiro como balão

 

O pavão de asas abertas

Partiu com velocidade

Cortando todo o espaço

Muito acima da cidade

Como era meia-noite

Voaram à sua vontade

 

Então disse o engenheiro:

Já provei minha invenção

Fizemos a experiência

Tome conta do pavão

Agora o senhor me paga

Sem promover discussão

 

Perguntou Evangelista:

Quanto custa o seu invento?

-Dê-me cem contos de réis

Acha caro o pagamento?

O rapaz lhe respondeu:

Acho pouco, dou duzentos

 

Edmundo inda lhe deu

Uma serra azougada

Que serrava caibros e ripas

Sem que fizesse zuada

Tinha dentes de navalha

De gume bem afiada

 

Ouros

Nas cartas de Ouros, você encontra um trecho do cordel História de Juvenal e o Dragão, de Leandro Gomes de Barros, que é conhecido como o criador do cordel no país.


3 de ouros

Este é mais um clássico da literatura de cordel, sendo uma das obras mais populares do autor.

Se acaso aceita o negócio

desde já fique avisado

pra me mandar todo ano

num lugar determinado

uma das moças bonitas

que tiver no seu reinado

 

Eu só faço êste negócio

Pra cessar a mortandade

Se o senhor não cumprir

E usar de falsidade

Eu venho de lá da furna

devorar tôda cidade

 

Diante desta ameaça

O rei ficou sem ação

Como êle enfrentaria

Tão grave situação?

O jeito era dar apôio

A proposta do dragão

 

Então o rei sujeitou-se

A todo ano mandar

Uma das moças bonitas

Que tivesse no lugar

Daqui vai ela pra furna

Para a fera devorar

 

É êsse o motivo justo

Da nossa grande tristeza

Pra aqui já tenho trazido

Muitas filhas da pobreza

Mas hoje tocou de sorte

A esta infeliz princesa.

 

Copas

E no naipe de copas o escolhido foi o Testamento da Cigana Esmeralda, de Leandro Gomes:


3 de copas

Queres saber tua sorte

Para tua proteção?

Estude o livro dos sonhos

E preste bem atenção

Aprende ler tua sorte

Nas linhas de tua mão

 

É a cigana Esmeralda

Quem dá esse apontamento

Com um príncipe da França

Foi feito seu casamento

Vamos ver o que ela diz

No seu grande testamento

 

É um testamento achado

por um bando de ciganos

Que andou toda a Europa

No correr de muitos anos

E no rancho de Esmeralda

O descobriu entre panos

 

Esse bando de ciganos

Veio depois ao Brasil

Trazendo esses papeis

Escondidos num barril

Aportou aqui em quarenta

A que quinze do mês de abril

 

Quem quiser fazer negócio

No primeiro de janeiro

Não queira vender fiado

Receba logo o dinheiro

Se não venderá fiado

No correr do ano inteiro

 

Ilustrações

Todas as ilustrações do baralho Cordel COPAG foram feitas por Ary Falcão, um artista que tem grande reconhecimento por capturar, em suas ilustrações, a essência do cordel.

Para as cartas, ele desenvolveu xilogravuras digitais, com escolha de cores vibrantes e uma técnica inconfundível, refletindo toda a tradição e a cultura cordelista do Nordeste brasileiro.

Portanto, aproveite a oportunidade de unir a diversão dos jogos de baralho com a cultura do cordel e ter uma experiência única e se encantar com cada ilustração e cada trecho de cordel que marca cada um dos naipes.

Acesse o site da loja COPAG e garanta já o seu baralho cordel!

É possível prever o futuro com as cartas ciganas?